terça-feira, 16 de agosto de 2016

20 km de Cascais

Voltei um fim de semana! Grande parte para provar ao Pai que seria capaz. Assustavam-me as mais pequenas subidas possíveis, em Paris não as fiz, não lidei com elas, ou pelo menos mesmo muito pouco.



Soube-me bem. Vim com o meu kit Polar, não me devia lembrar que Portugal não é França. Claro que para ajudar, ainda que em Fevereiro, fez um calor dos diabos no dia da prova e eu com o meu casaco polar... Não tenho comentários para a minha triste figura.

Nervosa. Nervosa. Nervosa.
Não sei que mais me passou pela cabeça.
Nervosa.
Não aqueci, não fiz nada, o meu cérebro decidiu congelar. 

Comecei ao meu passo, tentando não me passar em nenhum momento.
Tive o maior apoio de todos, que apanhou a maior seca da vida dele, mas mudou de profissão por 2 horas e pouco, entrou em modo fotógrafo profissional.



Chateou-me para beber água, para tirar o casaco, para estar na minha, para não desistir e nunca me deixou! Falou com mil pessoas, torceu por todas elas, tem um coração grande este meu pai.

Foi-se fazendo, estava tranquila durante a corrida, não o esperava... Claro que me custou no final, a partir do quilometro 15 estava cansada. Mas mais uma vez foi-se fazendo.

Meta! Eu vi a meta! Era oficial! O Pai ainda me pediu um último sprint no final! Custou milhões mas dei tudo!



Orgulho! Sim orgulho em mim que também mereço!

O pai também ficou orgulhoso:


M.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

OPS...

Ontem andava eu aqui perdida nos meus anteriores relatos, ri-me, recordei, achei-me ridícula, achei que cresci, achei que estou igualzinha... Entretanto apercebi-me... As imagens mais antigas do blogue desapareceram. Recordo-me que antes de ignorar por completo a existência deste menino, andei a fazer trocas e baldrocas relativas ao email do blogue, eliminar um, colocar no meu pessoal e por ai fora, todo um relato maçador. 

Ora pronto dei conta desta gralha existente no meu menino. Vamos ficar assim, tristes e incompletos, mas com a esperança de que daqui para a frente fique tudo nos eixos e mais bonitinho (inclusive eu...).

M.

de quase nada aos 21,1 km

Teimosia. Sim, acho que foi graças a isso que completei os 21km que tanto queria. Estava em Paris, sem os meus, sem nada. Com o tempo obviamente criei amizades, conheci novas almas, novos corações que hoje me são importantes. Mas no início, no início não era difícil, mas também não era fácil. Os meus fins de semana eram aborrecidos, eu era aborrecida, sem grandes paciências para museus. Gosto de ar livre, gosto de conhecer, mas não museus. Lamento, cada qual com a sua pancada.

Restavam-me as cervejas, as mais caras cervejas da minha vida, logo eu que me contentava com uma mera e modesta Super Bock. Foram as jolas da noite e as corridas do dia que ocuparam grande parte dos meus dias em Paris.

Entre conversas mal percebidas num Skype bêbado de soluços, heis que disse ao Pai que iria fazer os 20km de Cascais... Sem grande discurso de motivação dignou-se a dizer-me, precisas de treinar e fazer pelo menos uma corrida de 16km antes dos 20km e que não fosse no fim de semana de véspera.

Lembro-me da 6ª feira, sair do trabalho, combinarmos ir beber uns copos, lembro-me de rir e beber mais do que uns copos. Dormi. Dormi muito. Também recebi uma mensagem "Então já fizeste o teu treininho?" Ops, doeu na alma. Domingo acordei com uma preguiça daquelas dolorosas e vagarosas. Tomei um bom pequeno almoço, fiz ronha, gastei muita Internet do telemóvel, às 12h já estava cansada do nada. Já tinha repassado o facebook de uma ponta a outra, a televisão continuava toda em francês e é insuportável ouvir o Brad Pitt ou outro senhor jeitoso que sempre conheci na minha televisão, com toda uma fala nova, com todos aqueles "avec" e "en fait", nada contra os meus meninos franceses, mas simplesmente essa não é a voz desses senhores e eu fico com umas comichões incríveis. 

Nada mais a fazer, 12h30, mil roupas, 3 camisolas polares, calças polares, meias quentinhas, luvas, gola, MP3... todo um cenário (parvo). Lá fui, vi no google maps, Vou sempre pelo rio. Viro ali quando fizer os 9km viro e dou meia volta, dá uns valentes 18km. Será que sou capaz? Vou levar o passe, ainda me aborreço... Vai-me dar dor de burro. As pernas vão me doer. Ai... Não sei quantas coisas pensei. Mil. Milhares. Esta cabeça não pára. Mas fui... Olhava em volta, apreciava a paisagem, tirava fotografias, percebi que tinha que comprar umas luvas com aquela pontinha do dedo "touch", fiz vídeos, armei-me em esperta e tive que dar meia volta mil vezes, passei por sítios estranhos, passei por sítios lindos...

Relógio GPS : 1h e pouco de corrida 10/11km.

Bolas! Não vi a ponte, já devia ter passado para o outro lado, havia uma ponte ao quilómetro 9. Impossível não ter visto a ponte. Estou aqui a beira do rio. Ahhh uma ponte!! Bora! Okay... Provem de uma via rápida não tenho forma de a alcançar.

Relógio GPS : 13km

Desesperada, farta de correr, aborrecida, perdida, como passar para a outra margem. Heis uma ponte! Tão longe. Uma dupla ponte? Estranho

Relógio GPS : 14km

Finalmente do outro lado da margem, finalmente a voltar para trás! Mais 4km e faço os 18km, muito bom para quem nunca correu assim tanto, dos 18km aos 20km é uma diferença de 2km, se for capaz de fazer os 18km também faço os 20km.

Relógio GPS : 15km
O quê???! Só?

As pernas já estavam em modo gelatina, eu já não as acho muito definidas, senti-las tipo gelatina faz-me sentir muito melhor. Respiração estava boa, nesse campo estava  sentir-me bem.

Relógio GPS : 16km
O quê????! Outra vez? Só passou um quilómetro?

Foi assim até ao 18km, sempre que olhava para o relógio parecia que os quilómetros não passavam, já poucas energias tinha para ser capaz de tentar acelerar.

Relógio GPS : 18km
Mas... se eu fizer mais 2km que não é nada, são menos de 15min, fico com os 20km feitos e sei que serei capaz.

Lá fui, com o mesmo problema desde o quilómetro 14, os quilómetros simplesmente não passavam. 

Relógio GPS : 20km
Mas se eu aguentar a treta de 1km e pouco conquisto o grande objectivo e sonho que tenho, correr uma meia maratona.

Nunca me tinha custado tanto correr 1km, bateu os 21km e como a meia maratona não é certinha queria correr aqueles metros da diferença e o quando me custou!

21,6 KM!!!! FELIZ FELIZ FELIZ!!!




Ninguém me pode tirar aquele sentimento, ninguém consegue imaginar a alegria dentro de mim, o quanto o meu coração estava cheio de felicidade, apetecia-me tanto gritar! Estava aborrecida desde o quilómetro 14 e persisti. Conquistei o meu grande objectivo. <3

Bolas... faltavam quase uns 6km para chegar ao hotel, não fazia ideia onde estava, onde era o metro mais próximo, as minhas pernas queriam parar, eu queria atirar-me para o chão e descansar... Aguentei, procurei o metro mais próximo, enganei-me nos caminhos, andei às voltas, cheguei! 

Almocei quase às 16h da tarde! Estava completamente estoirada, mas estava tão feliz, parecia que o meu coração ia rebentar.

Tinha combinado ir passear com um colega francês... foi top, tirando que ainda andamos uns 6km a pé, eu não me sentia nada cansada, que ideia absurda era essa?! Lembro-me de ele gozar com o meu jeito de andar, lembro-me de estar de ténis e ele não estar habituado e eu dizer que adoro! Caí na burrice de dizer adoro ténis porque sou uma trapalhona e hiper-activa e adoro correr e saltar, e decidi exemplificar. Riu-se! Percebeu claramente que os saltos me tinham custado quase uma vida.

20h da noite. Mandou-me parar! Vamos ficar aqui. Espera. Sentou-se no muro virado para a Torre Eiffel. Estive 5 minutos a observar o muro, naquele momento eu própria sentia que ia subir uma Torre Eiffel, tentava descobrir qual o melhor método. Ele ria-se. Adoro divertir as pessoas com o meu sofrimento. 





Valeu a pena!
Foi um dia cheio (24-01-2016).
Foi uma conquista.

M.

domingo, 14 de agosto de 2016

2016 - Ano novo e(m) Paris

Olá...

Há falta de melhor palavra para vir para aqui novamente, para vos chatear e inundar de textos pessoais, parvos e sem valor para alguns, para mim é continuamente um aprender, uma descoberta a mim... uma continuação de uma aventura.

2015 foi um ano complicado, demasiadas mudanças, demasiadas coisas pessoais... perdi-me, muito mais aqui do blog, perdi claramente a minha capacidade de ter tempo para as minhas coisa, pequenas coisas... sem divagar muito, contento-me com a palavra "perdi-me".

2016 novamente muita coisa mudou, mudei de trabalhado, mudei (por uns tempos) de cidade e país. Cresci.

Paris foi parte de uma jornada boa na minha vida, um grande passo para mim, uma insegurança, um medo de não conseguir, de não me dar bem... Quem diria... Foi tudo ao contrário, foram 2 meses de muita aprendizagem, a todos os níveis, pessoal, profissional ...! E que eu AMEI do fundo do meu coração.


...bem... este blog não foi criado com este intuito e vou tentar não me perder nas palavras...


Corrida...

Dando conta que não estava no meu meio, com as minhas pessoas, com a minha língua, com a minha segurança, com os meus locais predilectos... Recordo que assim que cheguei a Paris, depois de desfazer malas, me tentar ambientar... 22h da noite em Paris, televisão só em francês, acesso à Internet quase nulo... restou-me correr, por ruas desconhecidas, com um GPS que não actualizou, com um sentido de orientação péssimo e um gelo do pior...

Foi a minha primeira corrida em Paris... e foi difícil. Cheguei a casa/hotel e não sentia um único dedo, os meus lábios quase roxos, o meu relógio sem funcionar, o telemóvel que ficou em casa...

Passou a ser rotina ir correr em Paris às 6h/6h30... E corria super bem, ruas muitos planas, junto ao rio Sena ao fim de semana, eram sempre corridas felizes. Aprendi desde a minha primeira experiência a correr sempre de luvas, gola e gorro, apesar de o relógio passar a funcionar nunca mais corri sem telemóvel e sem o passe de metro.



Tirei muitas fotos, tive muitas corridas felizes, tive muito frio, corri com temperaturas negativas, vi neve, corri à chuva, corri com muita roupa, superei-me, fui feliz!

Quase fiz o meu nome com corridas, começou sem querer, criei um "M" numa corrida e o papá deu a ideia de continuar, criei rotas, mas empanei no "D" não consegui fazê-lo e não acabei a minha brincadeira (um dia vou acabar...).





Meti na cabeça que ia fazer os 20km de Cascais, que tinha que crescer mentalmente, que tinha que me superar, que as minhas pernas (joelho, o meu menisco e liquido atrás da rótula são uma infelicidade desde Outubro) iam aguentar e obedecer-me.



Fiz a minha primeira Meia-Maratona (não oficial, por outras palavras, sem receber medalha) e foi um dia que me encheu o peito como nunca!


Paris marcou-me o coração em muitos sentidos. Espero regressar e continuar esta jornada que comecei lá e que em Portugal parece não funcionar.




Voltei para Portugal. Quebrei. Falta-me a força.


mas...

Hoje recordei o quanto me encheu o peito quando completei os 21,1km.
Hoje lembrei-me o quando a minha asma melhorou desde que comecei a correr.
Hoje lembrei-me que por muito lenta sou feliz a correr.
Hoje lembrei-me o porquê de ter começado.
Hoje lembrei-me que mais uma vez tenho que ganhar força e fazê-lo.
Hoje lembrei-me do blog e do porquê de ele existir.
Hoje lembrei-me de recomeçar a minha jornada.
Hoje é o dia.


M.